A insuficiência cardíaca (IC) é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, ocorrendo quando o coração não consegue bombear sangue de maneira eficaz, comprometendo o fornecimento de oxigênio e nutrientes essenciais para o corpo. Isso pode levar a uma série de sintomas debilitantes e complicações graves. Neste artigo, vamos abordar o que é a insuficiência cardíaca, seus principais sintomas, causas, métodos de diagnóstico e tratamentos, com o objetivo de fornecer informações claras e acessíveis para o público geral.
O que é Insuficiência Cardíaca?
A insuficiência cardíaca pode ser classificada de acordo com a fração de ejeção, que é a porcentagem de sangue que o ventrículo esquerdo bombeia para o corpo a cada batimento. Existem dois tipos principais:
Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr): Nesse caso, a fração de ejeção é inferior a 40%. Isso significa que o coração não consegue bombear sangue com força suficiente durante cada batimento, resultando em um volume inadequado de sangue sendo distribuído para o corpo.
Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp): Aqui, a fração de ejeção é de 50% ou mais, o que indica que o coração consegue bombear uma quantidade adequada de sangue. No entanto, o problema está na fase de relaxamento, quando o coração não se enche corretamente de sangue entre os batimentos, comprometendo sua eficiência.
Sintomas da Insuficiência Cardíaca
Os sintomas da insuficiência cardíaca podem variar de pessoa para pessoa, dependendo da gravidade da condição. Os sinais mais comuns incluem:
Falta de ar (dispneia), especialmente durante atividades físicas ou ao deitar;
Fadiga e cansaço extremo, mesmo com atividades cotidianas;
Inchaço nas pernas, tornozelos e pés (edema), causado pelo acúmulo de líquidos;
Ganho de peso rápido, devido à retenção de líquidos;
Tosse persistente ou chiado no peito, particularmente ao deitar;
Palpitações ou batimentos cardíacos irregulares;
Dificuldade para dormir, devido à falta de ar.
Esses sintomas podem piorar com o tempo se não forem adequadamente tratados. Em alguns casos, a insuficiência cardíaca pode se agravar a ponto de a pessoa não conseguir realizar atividades básicas do dia a dia sem sentir desconforto.
Causas da Insuficiência Cardíaca
A insuficiência cardíaca pode ser causada por várias condições que sobrecarregam o coração. As principais causas incluem:
Hipertensão arterial: A pressão alta não controlada faz o coração trabalhar mais intensamente para bombear sangue, o que pode enfraquecê-lo ao longo do tempo.
Infarto do miocárdio: Um ataque cardíaco danifica o músculo cardíaco, reduzindo sua capacidade de bombear sangue.
Cardiomiopatia: Doenças do músculo cardíaco, que podem ser causadas por infecções, uso excessivo de álcool, ou condições genéticas.
Doença arterial coronariana: Acúmulo de placas nas artérias que abastecem o coração, reduzindo o fluxo sanguíneo e aumentando o risco de ataques cardíacos.
Diabetes: A diabetes mal controlada pode aumentar o risco de insuficiência cardíaca, pois pode danificar os vasos sanguíneos e o coração.
Outras condições como defeitos congênitos, valvopatias e doenças pulmonares também podem contribuir para o desenvolvimento da insuficiência cardíaca.
Diagnóstico
O diagnóstico de insuficiência cardíaca geralmente envolve uma combinação de exames clínicos e laboratoriais. O médico pode solicitar os seguintes exames:
Ecocardiograma: Um ultrassom do coração que avalia a estrutura e a função cardíaca, verificando a fração de ejeção.
Eletrocardiograma (ECG): Avalia o ritmo e a atividade elétrica do coração.
Exames de sangue: Para medir os níveis de peptídeos natriuréticos, como o BNP (peptídeo natriurético tipo B), que pode estar elevado em pessoas com insuficiência cardíaca.
Raio-X de tórax: Para verificar a presença de líquido nos pulmões e o tamanho do coração.
Tratamento
O tratamento da insuficiência cardíaca tem como objetivo melhorar a qualidade de vida, reduzir os sintomas e evitar complicações graves. As abordagens terapêuticas incluem:
Medicamentos como inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), betabloqueadores, diuréticos e antagonistas dos receptores de aldosterona são fundamentais para o controle da insuficiência cardíaca, ajudando a reduzir a pressão arterial, aliviar a retenção de líquidos e melhorar a função cardíaca. Além disso, o sacubitril/valsartana, que combina um inibidor de neprilisina com um bloqueador do receptor de angiotensina, e os inibidores da SGLT2, originalmente usados para diabetes, têm mostrado grande eficácia, reduzindo hospitalizações e mortalidade, independentemente da presença de diabetes.
Mudanças no estilo de vida: Parar de fumar, adotar uma dieta saudável, controlar o peso e praticar atividades físicas regulares são medidas essenciais para quem sofre de insuficiência cardíaca. A ingestão de sal deve ser reduzida para evitar o acúmulo de líquidos no corpo.
Dispositivos cardíacos: Em casos mais graves, podem ser indicados dispositivos como desfibriladores cardíacos implantáveis (CDI) ou terapias de ressincronização cardíaca (TRC) para corrigir arritmias e melhorar o desempenho cardíaco.
Cirurgias: Em algumas situações, pode ser necessário realizar cirurgias, como a revascularização do miocárdio (bypass), ou até mesmo o transplante cardíaco, nos casos mais avançados.
Prevenção
A melhor forma de prevenir a insuficiência cardíaca é controlar os fatores de risco. Manter a pressão arterial sob controle, adotar hábitos alimentares saudáveis, praticar exercícios físicos regularmente e não fumar são medidas eficazes para proteger o coração. Além disso, é fundamental o acompanhamento médico regular para monitorar a saúde cardiovascular e tratar precocemente qualquer condição que possa levar à insuficiência cardíaca.
Conclusão
A insuficiência cardíaca é uma condição séria que requer cuidados médicos contínuos. Embora não tenha cura, os avanços no tratamento permitem que muitas pessoas vivam com qualidade de vida e evitem complicações graves. Se você tem algum dos fatores de risco ou sintomas descritos, procure um médico para uma avaliação adequada e comece a cuidar melhor do seu coração.
Referência:
Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq Bras Cardiol 2018; 111(3):436-539.